sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Lição 11 - A influência cultural da igreja

Lição 11 - A influência cultural da igreja
09 de setembro de 2011 às 11h33
Pr. Jairo Teixeira Rodrigues
Líder da AD em Matriz do Camaragibe
Divulgação

Pr. Jairo Teixeira, comentarista da Lição Bíblica da CPAD
Comentário da lição bíblica de adulto para o fim de semana
INTRODUÇÃO

O crente, cidadão permanente do Reino dos Céus, vivendo como peregrino nesta terra, não deve viver incólume à vida social, cultural, profissional, política e econômica da sociedade, muito embora esta última esteja alijada da Glória de Deus e em conseqüência, sua produção cultural esteja contaminada, nem tudo o que é produzido por ela é de todo ruim. Uma música, um livro, costumes, a lei… são todos eles intrinsecamente maus? Pela Graça Comum Deus distribui medidas significativas de capacidade em áreas artísticas e musicais, assim como em outras esferas nas quais a criatividade e a habilidade podem expressar-se. Nessa área, como também nas esferas física e intelectual, as bênçãos da graça comum são derramadas sobre o homem não regenerado e até mais abundantemente que sobre os crentes. (Graça comum é a graça de Deus pela qual Ele dá às pessoas bênçãos inumeráveis que não são parte da salvação. A palavra comum aqui significa algo que é dado a todos os homens e não é restrito aos crentes ou aos eleitos somente - Mt 5.44,45; At 14.16,17). Como escreve Charles Colson em sua obra “E Agora Como Viveremos?” publicado pela CPAD: “Evangelismo e renovação cultural são, ambas, tarefas divinamente ordenadas. Deus exercita a sua soberania de duas maneiras: através da graça salvadora e da graça comum. Estamos bem familiarizados com a graça salvadora; é o meio através do qual o poder de Deus chama pessoas que estão mortas em suas transgressões e pecados para uma nova vida em Cristo. Como servos de Deus, devemos ser agentes de sua graça salvadora, evangelizando e trazendo pessoas a Cristo. Mas poucos de nós realmente entendem a graça comum, que é o meio através do qual o poder de Deus sustenta a criação, retendo o pecado e o mal que resulta da Queda e que, de outra forma, dominaria sua criação como uma grande enchente. Como agentes da graça comum de Deus, somos chamados a ajudar a manter e renovar sua criação, a sustentar as instituições formadas da família e da sociedade, a buscar a ciência e a sabedoria, a criar obras de arte e beleza e a curar e ajudar aqueles que sofrem com os resultados da Queda.” (pp. 13). Boa Aula

DEFININDO CULTURA E O PAPEL DA IGREJA

“Cultura”, derivado do latim cultura, refere-se aos costumes e produtos sociais inventados pelos seres humanos e refletindo suas crenças e valores. Segundo é interpretada nos dias de hoje, a cultura é caracterizada pelas artes, hábitos e comportamentos de um grupo social. Assim as meninas vitorianas da década de 1890 eram tão constrangidas por sua cultura quanto eram as meninas materiais da década de 1980. Ambas seguiam a moda e a novidade que compunham a cultura popular, quer seja a “baixa” cultura das massas ou a “alta” cultura da elite.

No século XIX, Matthew Arnold, poeta e crítico inglês, descreveu a cultura como o ato normativo de “nos familiarizarmos com o melhor do que era conhecido e dito no mundo”. As pessoas tendem a ver a cultura como a “cultivação” do melhor e mais esplêndido, dos ideais mais sublimes em termos de gosto e refinamento, das coisas boas com as que se esperava estar associado: livros bons, companhia boa, roupas boas, música boa, teatro bom e coisas assim. A bondade incluía as dimensões morais e estéticas: Podia-se ser instruído nas coisas boas e simultaneamente achar prazer.

Sob o ideal da alta cultura está a cultura que a massa das pessoas quer de fato. A cultura popular contemporânea raramente se preocupa com o que é “bom”. Tornou-se mais associado com o que é mantido em comum numa dada sociedade ou com o que venderá. A cultura que é consumida em larga escala torna-se “cultura popular”. O álbum Thriller, de Michael Jackson, os filmes Titanic, de James Cameron e O Parque dos Dinossauros, de Stephen Spielberg, qualificam-se - não necessariamente porque sejam intrinsecamente bons, mas porque são de grande popularidade. Estas artes da mídia atraem às massas e não requerem alto grau de sofisticação intelectual ou refinamento cultural.

A cultura popular que tratamos aqui é o entretenimento visual: cinema, televisão, vídeo e as novas formas de tecnocultura, como vídeo games interativos. De muitas formas, esta mídia baseada em imagem mostra uma influência às vezes evidente, às vezes sutil, mas sempre poderosa no desenvolvimento de nossa cultura. Neste sentido, Neil Postaman vê a questão de se a mídia visual molda ou reflete a cultura como antiquada. Na sua visão, a televisão e o cinema tornaram-se nossa cultura.

Se a avaliação de Postman está ligeiramente exagerada, sua avaliação da influência da mídia visual na cultura contemporânea indubitavelmente levanta questões básicas para o povo da fé. Por exemplo, será que verdadeiramente entendemos até que ponto nossa vida e cosmovisão são influenciadas pela mídia visual - particularmente pela mídia de entretenimento baseada em imagens? […]

[…] A possibilidade de que a mídia substitua o papel historicamente vital desempenhado pela igreja na formação dos valores de uma comunidade é desconcertante, mas compreensível. Para muitos, o cinema se tornou uma igreja virtual.

Mesmo dentro de nossa casa, verificamos que as devoções familiares são suplantadas pelos deuses domésticos eletrônicos. A televisão pode funcionar como santuário privado ao deus das imagens - um deus do lar grego ou olímpico da ESPN, um Buda pessoal da Televisão Pública ou um deus dionísio da TV a cabo. Cada um oferece sua própria visão da vida boa. E frequentemente jazemos prostrados diante de nosso deus, ficando até preguiçosos e indolentes.

A transformação de uma cultura oral centrada na palavra para uma cultura eletrônica centrada na imagem apresenta desafio especial para estudiosos e estudantes cristãos, sobretudo levando-se em conta o poder hoje reconhecido das imagens. Os valores promovidos na cultura popular da televisão e do cinema raramente são os da fé cristã. O egoísmo, o hedonismo, a cobiça, a vingança, a luxúria, o orgulho e uma legião de outros vícios são muito bem-sucedidos em competir com o fruto do Espírito de amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão e temperança (Gálatas 5.22,23). A tarefa dos cristãos é descobrir se algum destes valores bíblicos existe em expressões particulares da cultura popular, para expor o falso e celebrar o bom e o verdadeiro. Neste sentido, a recomendação de Paulo aos cristãos filipenses permanece verdadeira: “Quanto ao mais, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se há alguma virtude, e se há algum louvor, nisso pensai” (Filipenses 4.8). Nossa contribuição à cultura popular, seja como espectador (o consumidor) ou como artista (o produtor), deve seguir a exortação de Paulo para abranger a integridade, a virtude e a beleza em nossos pensamentos e ações, independente da ênfase comum demais que a cultura popular dá aos valores opostos.

Dissemos que a cultura popular contemporânea raramente se preocupa com o que é bom. Portanto, os cristãos devem ser extremamente seletivos nas atividades da cultura popular nas quais escolhem participar. Ainda que a escolha entre o que é popular e o que é biblicamente apropriado não seja fácil, é necessária a fim de mantermos um relacionamento saudável com o Senhor.

EVANGELHO, IGREJA E CULTURA

1. Evangelho e cultura. Uma grande dificuldade que o crente tem é se relacionar com a cultura que o cerca de forma pacífica. O medo de perder a fé e ser atacado pelo inimigo que sorrateiramente nos espreita atrás de cada manifestação cultural é latente em nossa cultura cristã. Percebe-se que essa questão era corrente também nos tempos da igreja primitiva. Cultura e religiosidade eram e são coisas indivisíveis. E, a julgar pelas cartas de Paulo, a comunidade cristã em algumas cidades também sofria desse medo cultural. Sem querer desmistificar esse perigo de contaminação, precisamos usar a cultura em favor da expansão do evangelho construindo pontes culturais para pregar o evangelho em um ambiente cultural diversificado. Tomemos como exemplo a pregação de Jesus à mulher samaritana, onde o mestre pregou a mensagem de salvação a partir do contexto cultural daquela mulher; Paulo no areópago de Atenas, ao citar os filósofos pagãos em sua mensagem, criando uma ponte cultural através da qual introduziu o evangelho. No entanto, esse contato não ocorreu sem ignorar o fato de que estas culturas estão manchadas pelo pecado e que nem tudo que é tido pelo homem como valor cultural é aceitável diante de Deus.

2. Igreja e cultura. As mudanças culturais enfrentadas pela sociedade, a globalização e o consumismo são desafios cada vez mais presentes na vida cristã. A adesão a métodos, o consumo de experiências religiosas e a ausência de uma ética bíblica fazem parte do dia-a-dia de grande parte das comunidades evangélicas Brasil a fora. É raro perceber alguma articulação com bases bíblicas que contraponha a tendência cultural dominante. Não há uma mentalidade evangélica. Assim, muitos cristãos assumem formas de pensamento que revelam uma visão limitada do senhorio de Cristo e do alcance do reino de Deus. No entanto, a Igreja é depositária de um instrumento que serve como fonte e ferramenta de transformação da sociedade e que, ao mesmo tempo, aponta as possibilidades da prática cristã integral em áreas como ação social, arte, psicologia e economia. A Igreja pode e deve atuar nos diferentes campos da cultura. Como asseverou Abraham Kuyper: “Não há um único centímetro quadrado em todos os domínios da existência humana sobre o qual Cristo, que é soberano sobre tudo, não clame: é meu!”.

3. O despertamento cultural na Igreja. Na bíblia vemos diversos exemplos que nos possibilitam vislumbrar os limites entre cultura e pecado. Talvez o primeiro deles seja a recomendação do Senhor ao seu povo, quando eles entram na Terra Prometida, de que eles não deviam seguir os caminhos das nações. Obviamente, muitas daquelas noções religiosas cananéias eram parte de uma cultura, mas elas não deviam ser absorvidas pelos hebreus. Embora usado pelos missiólogos como paradigma de missionário transcultural, o estadista Daniel, juntamente com seus amigos, se recusou a comer dos manjares do Rei, e também não tomou do seu vinho, que era consagrado a ídolos. Eles estavam submersos na cultura babilônica, mas sabiam separar pressupostos culturais, conceitos morais e crenças religiosas. Jesus em sua encarnação foi judeu em todo aspecto da existência. No entanto, o fato dele mesmo ser judeu e de estar contextualizando com os judeus não o impediu de denunciar a hipocrisia dos fariseus que lavavam as mãos cerimonialmente antes de comer, quando seus corações continuavam impuros. Ele também se levantou contra o costume de consagrar seus bens ao Senhor quando parentes próximos passavam necessidade. Jesus foi missionário transcultural, mas não se submeteu incondicionalmente a cultura hebréia. Ele a redimiu. Tudo isso nos revela que o evangelho não é apenas um agente passivo e submisso à cultura, mas um agente transformador. No que diz respeito à cultura que nos cerca, deixemos de nos preocupar com os demônios que habitam escondidos pelos cantos. Porque toda boa dádiva e todo dom perfeito vêm do alto. Toda forma de cultura possui boas dádivas, desfrutemos dessas boas dádivas com nossas consciências tranqüilas, porque o poder de atuação do mal sobre nós reside em nossas dúvidas, temores e medos (Rm 14; 1Co 8; 10.23). O crente deve usar a cultura a seu favor, rejeitando aqueles valores que, embora tidos por tendências culturais e modernas, se opõem ao evangelho [4].

CONCLUSÃO

Todo conhecimento humano e todo avanço cultural da humanidade só estão completos quando partem das Sagradas Escrituras buscando a glória de Deus e o bem da sua criação. Nós insistimos em que o viver santo carece de abstermo-nos do mal e, por isso, arranjamos algumas formas de conduta que possam ser julgadas como más, para podermos nos abster delas e termos aquela bela sensação de santidade. No entanto, ‘povo de Deus, santo e amado’, se queremos um viver santo, ‘revistam-se de profunda compaixão, bondade, humildade, mansidão e paciência. Suportem-se uns aos outros e perdoem as queixas que tiverem uns contra os outros. Acima de tudo, porém, revistam-se do amor, que é o elo perfeito’ (Cl 3).

“Filhinhos, não amemos de palavra, nem de língua, mas de fato e de verdade.” (1Jo 3.18)

N’Ele, que me garante que: “… o Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir, e para dar a sua vida em resgate de muitos” (Mt 20.28),

PESQUISA

Estudo Pr. Francisco A Barbosa-2011

Panorama do Pensamento Cristão, editado pela CPAD

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